quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O jornal Campus e a pesquisa de opinião sobre a escolha do reitor da Universidade de Brasília

Márcia Marques e Solano Nascimento


– Queremos fazer uma pesquisa sobre como vão votar professores, alunos e funcionários na
eleição para reitor.


O pedido, meio decisão já tomada, foi apresentado ainda nas primeiras semanas de aula da nova turma da disciplina Campus 2, em que alunos do sexto semestre produzem cinco edições de um jornal impresso, formato tablóide, de 16 páginas, com tiragem de 4 mil exemplares e distribuição principal para o público da Universidade de Brasília. Neste período, o grupo, formado por 27 alunos, estava em fase de elaboração do projeto editorial a ser experimentado pela equipe no semestre, o segundo de 2008.
Nessas três primeiras semanas, os alunos mergulham nos conceitos que envolvem a organização da produção no laboratório de jornalismo, analisam as edições dos 38 anos do jornal, pesquisam o público e também as publicações da concorrência. O objetivo desta dinâmica, em sala de aula, é permitir aos alunos compreender como funciona a estrutura interna do campo jornalístico – qual o capital dos agentes desta organização, qual a mobilidade – e o relacionamento deste com os outros campos. Tomada de Bourdieu (1989), a noção de campo sustenta a estrutura didática para o ensino das rotinas de produção jornalística, sempre tão funcionalistas, na redação do laboratório.




  • No campo jornalístico, os agentes, os jornalistas, ocupam funções diferenciadas na estrutura da redação e que determinam o poder de decisão que possuem para, dentro do campo, definir o que será, ou não, publicado, as pautas que serão acompanhadas, os temas descartados da cobertura. (Marques: 2005)
Esta nova equipe do jornal impresso vinha embalada pelo trabalho desenvolvido por eles no
semestre anterior, quando cursaram a disciplina Campus 1, que tem como proposta levar os
alunos a experimentar a produção de notícias, com foco na apuração, para o Campus Online o jornal digital de nosso laboratório. Nascido dentro do impresso, no final dos anos 1990, feito em linguagem HTML e organizado como uma editoria do impresso, o Campus Online trabalha essencialmente com hard news, com as notícias factuais. Esta fase, para os alunos, é de exercício do lide e da pirâmide invertida, da produção de pautas, de aprofundamento das questões que estudaram em técnicas de jornalismo, no quarto semestre.
Este grupo foi responsável pela cobertura das denúncias contra o reitor Thimothy Mulholland e também da ocupação da reitoria, que resultou na renúncia de Mulholland e na escolha de Roberto Aguiar, como reitor pro-tempore. Mais do que produzir notícias diárias, fizeram o noticiário em tempo real, com os jovens repórteres revezando-se no prédio ocupado durante as 24 horas do dia. O resultado deste trabalho é que o grupo fez muitas fontes com professores, estudantes e servidores, nas instâncias sindicais (ADUnB, DCE, Sintfub e centros acadêmicos), institucionais (decanatos, procuradoria, administradores pro-tempore, Consuni) e no cotidiano da universidade (restaurante universitário, pontos de encontro).
O pedido/proposta para realizar uma pesquisa de intenção de voto estava inserido neste contexto e com um complicador: seria experimentada na primeira edição elaborada pelo grupo, que pelo planejamento feito pelo grupo, deveria ser distribuída no primeiro dia da eleição, 17 de setembro. Teriam, sem qualquer experiência na produção de um jornal impresso, que adiantar a edição em dois dias, para 15 de setembro, uma segunda-feira.
O conceito pedagógico central no laboratório Campus é o da autonomia (Freire) para a construção do conhecimento: a pesquisa da nova eleição para reitor teria que seguir os cânones das sondagens de intenção de votos, com metodologia capaz de refletir todos os segmentos envolvidos na eleição e respeitar a paridade dos votos, re-instaurada na UnB, e os alunos é que deveriam apresentar uma proposta de solução para o problema da pesquisa. Esta condicional é fruto da história do próprio Campus. Na reeleição do professor Lauro Mohry (em 2002) os jovens jornalistas, em parceria com um grupo de estudantes da Ciência Política, também fizeram uma pesquisa de intenção de votos. Os questionários foram aplicados pelos alunos do jornal impresso e por alguns alunos (os que não se rebelaram, porque não era obrigatório participar) da recém-nascida disciplina de Campus 1, quando se oficializou a prática do jornalismo on-line em nosso laboratório.
Os estudantes de Ciência Política e de Estatística, organizados nas agências juniores Strategos e Estat , respectivamente, apresentaram um plano amostral de 21 páginas, definindo a metodologia e as 15 áreas do campus da UnB no Plano Piloto, com aplicação de 520 questionários, respeitando a paridade.

Organização e administração da produção


Os alunos foram questionados quanto à questão operacional para ajustar a produção do jornal com a logística para a sondagem eleitoral, uma vez que a organização, administração e planejamento das edições também faz parte do aprendizado na disciplina Campus 2. Ainda no início do semestre, o grupo apresenta um cronograma de produção com as cinco datas de distribuição do jornal durante o semestre. Eles teriam condição, no primeiro número editado pelo grupo, de produzir 16 páginas, incluindo um suplemento, antecipando em dois dias a distribuição, o que representava reduzir o prazo de fechamento em quatro dias?
O grupo refez o planejamento e incluiu na organização da produção as rotinas para a aplicação da pesquisa, reuniões para que fossem apresentadas as metodologias e conceitos. Também era fundamental garantir o sigilo dos dados, para não auxiliar nem prejudicar qualquer das seis chapas candidatas à reitoria. Poucos do grupo – três editores, secretária de redação, professores (diretores de redação) – poderiam ter acesso às informações e às páginas da pesquisa e capa, que ficaram fora das rotinas de edição e revisão, que sempre passam por diversos olhos na redação.



Familiarização com conceitos


Durante o processo de produção, análise e publicação da pesquisa sobre a intenção de votos para reitor da UnB, o grupo de alunos teve contato com conceitos muito importantes tanto para quem faz pesquisa científica quanto para jornalistas que produzem reportagens sobre esses levantamentos. Alguns dos principais conceitos trabalhados:


  1. Uso de questionários: alunos das empresas juniores explicaram aos alunos de
    Campus I e Campus II cada uma das questões que integravam o questionário a ser
    aplicado. Foram esclarecidos riscos de indução e manipulação de respostas e
    diferenças entre pergunta aberta e pergunta fechada;

  2. Amostragem: explicaram a necessidade de aplicar os questionários a estudantes,
    professores e servidores, os três segmentos que votam. Foi esclarecida ainda a
    necessidade de a amostra levar em conta locais de trabalho e estudo desses votantes,
    pois isso poderia influenciar na intenção de votos. Assim, cada aluno saiu com a
    tarefa de aplicar questionários a um número fechado de pessoas de cada um dos três
    segmentos e em determinados locais da UnB;

  3. Margem de erro: na primeira versão da matéria sobre a pesquisa, os estudantes
    escreveram que a margem de erro era de 5%. Na revisão do material, antes da
    publicação, foi explicado a eles que a margem de erro era de cinco pontos percentuais, e não 5%. Foi discutido com os autores do texto e, depois, com um grupo maior de estudantes a diferença entre os dois índices;

  4. Empate técnico: como resultado da margem de erro, a pesquisa apontou um empate
    técnico entre dois candidatos. Os alunos aprenderam o que isso significa.

Familiarização com rotinas e constrangimentos jornalísticos


O processo também foi fértil para a experimentação, pelos alunos, de situações típicas de
uma redação jornalística, desde algumas rotinas de produção até os constrangimentos
(Souza) pré-publicação e pós-publicação. Alguns exemplos:



  1. O sigilo de informações: como a pesquisa foi concluída dois dias antes de o jornal
    Campus ser enviado para a gráfica e quatro dias antes de sua distribuição, os alunos
    precisaram conviver com a necessidade de manter informações em sigilo, já que o
    ‘vazamento’ poderia levar o grupo a perder um furo jornalístico;

  2. A pressão contra a publicação: como a aplicação dos questionários tornou público
    o processo de realização da pesquisa, alguns candidatos e pessoas ligadas a eles
    resolveram tentar impedir a divulgação dos dados, enquanto outros passaram a
    buscar as informações que seriam divulgadas. Aí os alunos experimentaram o
    processo de resistência a pressões: não houve vazamento de informações nem
    vingou qualquer tentativa de impedir a circulação do jornal. A Comissão de
    Organização da Consulta (COC) encaminhou pedido de informações sobre a
    pesquisa do Campus. O documento foi considerado válido.

  3. As queixas posteriores: a publicação da pesquisa como manchete do Campus foi
    seguida por e-mails e declarações iradas de candidatos que não apareceram em boa
    colocação nas intenções de voto. Os contrariados diziam que a pesquisa estava
    muito equivocada. Isso permitiu aos alunos entenderem que esse tipo de reação é
    normal e que eles precisam se habituar a conviver com elas. As urnas mostrariam,
    posteriormente, que os dois primeiros colocados foram exatamente aqueles que
    apareciam na pesquisa em empate técnico no primeiro lugar. O terceiro colocado
    também foi o apontado no levantamento. No segundo turno, o professor José
    Geraldo foi eleito com 51,65% dos votos.

O eixo fundamental desta pedagogia é tornar a produção do jornal um exercício de
amadurecimento, em que o aluno faz pesquisa tanto quando apura e edita as matérias quanto quando coleta informações teóricas. Neste exercício do laboratório os alunos deixam de ser objeto de ensino (Demo) e se tornam sujeitos, autônomos (Freire) geradores de conhecimento.

Além das questões do próprio campo jornalístico, o grupo vivenciou – e refletiu sobre – os constrangimentos da produção jornalística e as negociações/conflitos com agentes de outros campos (Bourdieu). Esta também foi uma experiência multimídia, pois a redação do impresso – de alunos matriculados no sexto semestre – teve que se relacionar com o jornal Campus Online, produzido por alunos do quinto semestre, e que também publicou, conforme acordo firmado entre as equipes, matérias sobre a sondagem de intenção de votos.


(Relato apresentado no II Encontro de Professores de Jornalismo DF-GO-TO, Brasília, 18/10/2008)


Bibliografia
1. BERGER, Christa. Campos em confronto: a terra e o texto. Porto Alegre, Ed.
Universidade (UFRGS), 1998.
2. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo, Paz e Terra, 2005.
3. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP, 7ª edição, Editora Autores
Associados, 2005.
4. MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana
e industrial, São Paulo: Summus Editorial, 3ª edição, 1988.
5. SOUZA, Jorge Pedro. As notícias e seus efeitos. Portugal, Editora Minerva-
Coimbra, 2000.
6. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart. Administração da produção. São Paulo,
Editora Atlas, 2002.
Internet
1. MARQUES, Márcia. As mudanças das rotinas de produção das agências de notícias
com a consolidação da internet no Brasil. Na Biblioteca On Line de Ciências da Comunicação.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Um bom gerúndio

Estamos lendo mais. Este é um gerúndio muito bem vindo e utilizado apropriadamente, diversas vezes, no Seminário Nacional Retratos da Leitura no Brasil, na quarta-feira, dia 28 de maio, em Brasília. Os números mostram que os brasileiros lêem 4,7 livros por ano e que a maioria respeita a leitura, vista como fonte de conhecimento, de formação acadêmica e profissional, e de prazer. As crianças de cinco a dez anos são o segmento que mais se dedica à leitura, assim como as pessoas de maior escolaridade.O livro campeão ainda é a bíblia e os autores clássicos - como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles - estão entre os mais citados, atrás dos líderes Monteiro Lobato e Paulo Coelho, nesta ordem.

Sob a coordenação do Instituto Pró-Livro, foram entrevistadas 5.012 pessoas com cinco anos de idade ou mais, alfabetizadas ou não. A amostra representa 92,3% da população brasileira. Os selecionados responderam por uma hora a um conjunto de 60 perguntas, aplicadas por um pesquisador entre os dias 29 de novembro e 14 de dezembro de 2007. As questões tinham como objetivo diagnosticar e medir o comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros e conhecer a opinião que tem da leitura. Como objetivos secundários, os pesquisadores pretendiam investigar qual a percepção da leitura no imaginário coletivo, definir os perfis do leitor e do não leitor, identificar as preferências do leitor além de avaliar canais e formas de acesso, assim como barreiras que existem para a leitura.

Sob a coordenação de Galeno Amorim, do Observatório do Livro e da Leitura, os resultados obtidos foram avaliados pelos consultores Maria Antonieta Cunha (UFMG), Lucília Garcez (UnB), Felipe Lindoso (Associação Cultural Basílio da Gama - que realiza projetos de incentivo à leitura) e o gerente executivo do trabalho, Maurício Garcia (Ibope Inteligência). Ao apresentar a análise dos dados, Garcia pinçou 22 "retratos", entre os muitos que a pesquisa oferece.


1. A leitura é extremamente valorizada pelos brasileiros - tem valor significativo para três de cada quatro pessoas;

2. Apesar de respeitada, ainda é pouco praticada - apenas um em cada três brasileiros lê com freqüência: a leitura está em quinto lugar - 35% - entre as opções das pessoas para ocupar o tempo livre - a televisão é campeã, com 77% das preferências; e no quesito "freqüência de atividade", fica em 12º lugar - só um terço lê amiúde;
3. No imaginário coletivo, falar que não gosta de ler é politicamente incorreto, mas parcela significativa - 38% - dedica menos de uma hora por semana à leitura;
4. Leitura é sinônimo de conhecimento, mas muito restrita à academia, aos interesses profissionais, e pouco relacionada com o desenvolvimento do indivíduo;
5. Esta foi uma pesquisa de opinião pública, muitas respostas buscam atender o senso comum;
6. Apesar da aura de fonte de conhecimento que conferem à leitura, dois de cada três entrevistados informam não conhecer alguém que tenha vencido na vida graças à leitura;
7. As pessoas dão valor à leitura, mas não têm ninguém no seu círculo com este perfil;
8. A leitura é vista como algo árduo, cansativo, que demanda tempo e ambiente apropriado - 84% clamam por silêncio para ler;
9. No dia-a-dia quem gosta de ler livros é considerado CDF e fora da realidade;
10. As campanhas de leitura devem valorizar o livro e o leitor;
11. O livro é o elemento que representa a leitura - não é o jornal, a revista ou a internet;
12. As bibliotecas são vistas como equipamento para estudante;
13. O papel do poder público é importante neste quadro: o aumento do número de livros lidos é fruto dos sucessivos programas de governos de distribuição das publicações nas escolas, o que promove a democratização do saber;
14. As pessoas querem que o livro chegue em casa;
15. O analfabetismo - total ou funcional - é um fator estrutural que impede a disseminação da leitura;
16. Para mudar é preciso focar no papel da família - 49% informaram que a mãe foi quem mais influenciou na leitura, 30% o pai e 33% o professor;
17. Ainda assim, a maioria não viveu o hábito de pais lendo para os filhos;
18. Livro não está presente no cotidiano das pessoas;
19. Pessoas com mais livros à disposição aumentam o interesse por ler;
20. Uma solução para ampliar a leitura é tornar crianças distribuidoras de livros, que levariam para as famílias;
21. As pessoas não vão às bibliotecas;
22. É preciso intensificar os processos que garantam acesso ao livro.

Em resumo, os indicadores encontrados pela pesquisa foram: Há 95,6 milhões de leitores no país (55% da população com cinco anos ou mais) e 77,1 milhões de não leitores. São comprados 1,2 livros por ano, por habitante, número que cresce para 5,4 livros quando aumenta a renda e a escolaridade do entrevistado. Dos 4,7 livros lidos por ano por brasileiro, 3,4 são os indicados pela escola - seja didáticos, seja literatura - e apenas 1,3 consumidos por desejo próprio. As mulheres lêem mais do que os homens - 5,3 livros contra 4,1 - quando a escolha é individual, mas o desempenho de leitura no período escolar é idêntico.

Pelo que foi apresentado, este grupo de retratos pode ser modificado, reagrupado. Outros dados foram apresentados no Seminário e que também merecem reflexão. A compreensão pode ser mais aprofundada com a leitura da íntegra do material a partir da próxima semana no endereço do Instituto Pró-Livro, entidade responsável pela coordenação geral da pesquisa.

Bíblia campeã


Qual a leitura preferida? Em primeiro lugar estão as revistas, com 52% das preferências, seguidas pelos livros, com 50% e jornais, com 48%. A leitura no meio digital representa apenas 3%. Quanto ao gênero, a bíblia é campeã, com 45% das escolhas, seguidos dos didáticos (obrigatórios) com 34%, romances, com 32% e, com 26%, a poesia, leitura, aliás, preferida pelos jovens na faixa entre 11 e 17 anos. Os autores mais admirados, pela ordem (e apenas os sete primeiros) são Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado, Machado de Assis, Vinícius de Moraes, Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade.


Quando a questão foi que livro mais gostou, novamente a bíblia foi a mais citada, com dez vezes mais indicações que o segundo colocado Sítio do Picapau Amarelo. Entram nos campeões do gosto dos entrevistados Chapeuzinho Vermelho e Harry Potter. Os clássicos de nossa literatura, muito lembrados, provavelmente pelas leituras obrigatórias no período escolar, também foram citados entre mais de mil títulos. O último livro que leu também traz a bíblia à frente, com 18 vezes mais citações que o segundo, o Código Da Vinci.


Este resultado da preferência de leitura mostra duas influências importantes: a religião e a televisão. No que diz respeito ao primeiro item, ressaltem-se, além de gênero e livro favorito, que a leitura religiosa se mostra na forma de ler - por trechos e capítulos da bíblia, citada por 55% dos leitores - e como motivação para ler - motivo de 26% dos leitores. Os espíritas gostam de ler e o fazem com freqüência - 76%. A influência da TV está estampada na escolha do Sítio do Picapau Amarelo como livro, mas que na verdade é apenas uma escolha reforçada pela representação da obra de Monteiro Lobato, durante décadas seguidas, nas manhãs da telinha.


O peso do livro didático distribuído pelo governo - indiferentemente de partido - foi fundamental no crescimento do índice de leitura anual de livros. Dos 3,9 livros lidos por ano no Norte, 3,7 foram recebidos do governo e 0,2 adquiridos pelo leitor; dos 4,2 no Nordeste, 3,8 vieram do Estado e 0,4 próprios; dos 4,5 no Centro-Oeste, são 3,4 de distribuição e 1,1 próprios; dos 4,9 do Sudeste, 3 e 1,9; dos 5,5 lidos no Sul, 3,7 são governamentais e 1,8 de iniciativa pessoal.

Para quem trabalha com jornais e revistas, dados para reflexão: os primeiros têm elevado índice de leitura diário, 53% em casa e 15% no trabalho; as outras são lidas em casa, 63%, com periodicidade semanal; o que reflete bem o comportamento do mercado editorial destas publicações. O livro, com status de ente superior, tem maior índice de leitura mensal e é lido tanto na escola quanto em casa.

O tempo dedicado à leitura também é curto para um bom universo de leitores: 38% lêem menos de uma hora por semana e 51% entre uma e três horas. Apenas 2% lêem mais de 10 horas semanais. A pesquisa mostrou o que se intuía pelo senso comum: quem tem mais escolaridade dedica-se mais a ler. A novidade é que as crianças até 10 anos também estão neste patamar. Os dados indicaram o interesse infantil pela leitura, impulso que se perde no jovem e retorna quando as pessoas têm mais de 40 anos. E o que leva a pessoa a ler? O tema, para 63%, e o título, para 46%, escolhas mais fortes entre leitores de renda e nível escolar mais elevados. O autor, 33%, é a escolha de quem tem escolaridade mais baixa.


A maioria prefere ler em casa, 86%, e tem na família - mãe, 49%, pai 30% - e na figura do professor - 33% - os principais influenciadores para o hábito de ler. Também conta nesta influência, a visão de pai ou mãe lendo histórias na infância, presente em 60% das entrevistas dos leitores.

Estas informações sobre as crianças devem ter inspirado a proposta dos consultores que analisaram os dados, para que o Estado promova a distribuição de livros para os pais, por intermédio das crianças. Também fica clara a importância da escola neste processo e que a imagem do professor é de orientador e está atrelada ao livro. Também é uma notícia excelente crescimento de leitores interessados até a faixa dos dez anos, é preciso aproveitar este encantamento infantil.

Outro dado interessante encontrado pela pesquisa diz respeito ao empréstimo pessoal de livros, um hábito citado por 45% dos entrevistados. Esta forma de acesso ao livro é maior que por meio das bibliotecas, infelizmente ainda muito vinculadas ao uso para pesquisas escolares, apenas. Vale ressaltar que 20% registram possuir livros distribuídos pelo governo e que as fotocópias de textos também são muito utilizadas.


A pesquisa também procurou informações sobre as barreiras à leitura. Dos entrevistados que não lêem, 53% são homens. No trimestre anterior à pesquisa 45% não haviam lido um livro. Este foi o período - três meses - levado em conta pelo levantamento para considerar a pessoa uma leitora, desses, muitos declaram que lêem devagar, que não compreendem os textos, não têm paciência ou não têm concentração para ler.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Quem faz o quê no jornal-laboratório Campus

Para facilitar o relacionamento na redação, é importante entender as funções de cada um. Mais do que autoridade, é o diálogo que deve reger a comunicação em todo o processo de produção. No jornal-laboratório Campus há rodízio no desempenho das funções, que, em geral têm as atribuições apresentadas na tabela a seguir:

1. Tabela de funções e atribuição de responsabilidades no Campus

Função

O que faz

Quem faz

Diretor de redação

Responsável pelo jornal

Professores

Atua como mediador de conflitos

Editor-chefe

Coordena todas as etapas de produção e edição

Aluno escolhido pelo grupo

Dá as linhas da edição de acordo com projeto editorial

Avalia o trabalho da equipe

Coordena a reunião de editores

Reporta-se ao diretor de redação

Secretário da redação

Faz a ponte entre todas as funções

Aluno escolhido pelo grupo

Faz relatórios do andamento da produção

Arquiva cinco jornais por edição

Organiza a agenda da redação

Organiza e dá suporte às reuniões

Responsável por suprimentos e equipamentos

Cuida de recibos e notas fiscais

Reporta-se ao editor-chefe em assuntos editoriais

reporta-se ao diretor de redação nas questões administrativas

Coordena a revisão de textos

Organiza e coordena a distribuição do jornal

Diretor de arte

Integra e organiza a equipe de diagramação

Aluno escolhido pelo grupo

Confere ao produto final identidade com projeto gráfico

Promove a convergência das diversas linguagens que compõem o produto: fotos, textos, ilustrações, infográficos, tabelas, etc.

Viabiliza a concepção hierárquica da notícia, feita por cada editor, pela utilização dos recursos da programação visual;

Fecha o jornal, grava o CD e leva para a gráfica;

Publica a edição no Campus On-Line

Reporta-se ao editor-chefe

Ombudsman

É a voz do leitor no jornal

Monitor, ex-aluno, indicado pelo professor

Escreve o texto, publicado na página de opinião, com a crítica do jornal, depois de ouvir os envolvidos no assunto abordado

Reporta-se ao diretor de redação

Editor

Os editores são divididos de acordo com o número de editorias previstas no projeto editorial

Aluno escolhido pelo grupo

Distribui e acompanha o andamento das pautas

Derruba uma pauta ou matéria e, se for o caso, sugere outra, com o aval do editor-chefe

Mantém contato com repórteres e editor-chefe, a quem é subordinado

Edita e fecha as páginas com o diagramador

Avalia o trabalho da própria equipe

Reporta-se ao editor-chefe

Editor de fotografia

Coordena o trabalho dos fotógrafos, para quem leva e distribui as pautas

Aluno escolhido pelo grupo

Identifica as fotos para arquivo e acompanha a utilização do material na diagramação

Trata, com equipe, as imagens e salva no formato para impressão

Define as fotos que entram em cada matéria junto com o editor da página

Representa a equipe de fotografia em todas as reuniões

Avalia a equipe

Reporta-se ao editor-chefe

Diagramador

Cria formas interessantes e criativas para dispor os textos, fotos, ilustrações, títulos, sutiãs, legendas etc., nas páginas do jornal, de acordo com o projeto gráfico

Aluno escolhido pelo grupo

Trabalha com os editores

Reporta-se ao diretor de arte

Repórter

Sugere pauta para si e para o conjunto da redação

Aluno escolhido pelo grupo

Apura e redige as matérias no prazo definido; faz as correções solicitadas

Entrega textos com sugestões de título, sutiã, legendas, olhos

Reporta-se ao editor de sua editoria

Repórter fotográfico

Participa da reunião de pauta da fotografia

Aluno escolhido pelo grupo

Combina com o repórter as fotos que serão produzidas e quando

Fotografa, de preferência junto com o repórter. Fotos de pautas já apuradas só em último caso

Participa da edição das fotos

Quando não está em pauta, fica na redação à espera de nova convocação para o trabalho

Sugere pautas

Reporta-se ao editor de fotografia

Revisor gráfico

Revisa a disposição de títulos, retrancas, fotos, ilustrações, sutiãs, legendas

Aluno escolhido pelo grupo

Faz a revisão gráfica em busca de viúvas e órfãos na mancha gráfica e para ver se o material está no padrão gráfico

Reporta-se ao diretor de arte

Revisor de texto

Faz a revisão morfológica e sintática com o apoio de dicionários e manuais de redação

Aluno escolhido pelo grupo

Observa a concordância e regência nominal e verbal

Revisa cada mesa, até não ter mais erros

Assina cada prova de revisão

Dá o OK na última prova

Reporta-se ao secretário da redação

Distribuidor

Distribui os exemplares de acordo com a programação

Todos os alunos do Campus

Reporta-se ao secretário da redação