quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Discurso proferido aos formandos de Jornalismo 
primeiro semestre de 2012 FAC/UnB



Cumprimentos ao presidente da mesa, professor Luiz Afonso Bermudez, decano de Administração, representante do sr. reitor professor Ivan Marques de Toledo Camargo e estendo o cumprimento aos membros da mesa e também a professores e servidores homenageados.

Quero agradecer aos meus jovens alunos a honra de ser escolhida patrona da turma, justo quando completo 15 anos como professora da UnB.

Quero parabenizar pais, mães, amigos e amigas destes formandos. Vocês acompanham nossos jovens desde a TPP – tensão pré-Pas – ou a TPV – tensão pré-vestibular – dependendo da modalidade de ingresso de cada um. Amor e carinho, ombro e algumas duras sempre fazem bem.

Quando me formei em jornalismo, na USP, em 1979, só conseguia pensar que ser jornalista era apenas ser repórter. Não é. E é.

Não é, porque o jornalista é também um comunicador, um profissional da informação e hoje pode ser o que quiser com este conhecimento.

E é, porque o repórter deve ser o id de todo jornalista – estejam o ego e superego trabalhando em jornal, blog, comunicação pública, em pesquisa e ensino na Academia.

Como disse no início, há 15 anos, completados em setembro de 1997, vim para a UnB, para a FAC. Passei no concurso para ser professora do jornal-laboratório Campus – onde nos encontramos e convivemos por um intenso, e muitas vezes tenso, semestre.

Quando estudei na USP, entre 1976 e 1979, me virei fazendo jornais clandestinos para sindicatos e partidos “outsiders”, digamos assim, porque era uma forma de experimentar fazer jornal. A ECA (Escola de Comunicação e Artes) não tinha jornal-laboratório.

Vim para o Campus e descobri um dos jornais mais antigos criados no Brasil. Nasceu em 1970, de uma conversa de jovens professores, recém-chegados: professor Luiz Gonzaga Motta, professor Salomão Amorim, a quem tive a honra de conhecer pessoalmente há poucos dias, e o professor Manoel Vilela. A negociação política junto à reitoria ficou por conta do professor Carlos Chagas, presente nesta cerimônia. Todos jornalistas de redação, por origem.

Desde a criação, o Campus foi um projeto de trabalho compartilhado – com hierarquias, prazos, normas, ética etc. – mas principalmente compartilhado, um termo tão atual. Na redação do Campus compartilhei o trabalho com muitos professores que estão aqui: David Renault, Zélia Adghirni, Hélio Doyle, Dione Moura, Sérgio de Sá, Suzana Dobal, Fernando Paulino.

Nosso laboratório sempre foi um espaço de experimentação, outra característica importante do Campus, que gerou os filhotes Campus Online – o futuro experimentado na rede – e a revista Campus Repórter – o futuro na reportagem.

Eu disse, no início deste discurso, que sou professora. Hoje, na verdade, estou estudante. Doutoranda em outra área do conhecimento – bem vizinha – a Ciência da Informação. Como sempre é difícil furgirmos de nós mesmos, minha pesquisa envolve um modelo de ação comunicativa e de informação em rede.

A história comprida é para dizer que na vida profissional a gente se inventa e se reinventa. Vocês pularam mais um “córguinho” na vida.

Nestes tempos de inseguranças no campo profissional, de encolhimento de redações, há um mundo de oportunidades de trabalho em que a comunicação – e suas aplicações (ou aplicativos?) profissionais – é fundamental.

Como sempre associaram o jornalista com o jornal, os novos tempos de crise do modelo de negócio do jornalismo – em torno de conglomerados midiáticos – têm levado à falsa impressão de que o jornalismo não tem futuro.

Em meus estudos de rede, por causa do doutorado, localizei o papel do jornalista. Ele é o gatekeeper, que na rede é figura importante de mediação e como fonte de informação. O jornalista é referência pela narrativa, pela ética e pela credibilidade centenária da profissão.

Além do sonho acalentado da infância, abram-se às possibilidades. Arrisquem-se, porque aos 20 anos, correr riscos faz parte. Não tenham medo do não. Sem sermos apocalípticos, ou integrados demais, sejamos otimistas, éticos. O mundo é mau e a gente morre no final. Sabemos de que lado estamos e não entregamos os pontos. Não tenham medo de mudar de rumo, persistam no que acreditam.

*Fico emocionada de participar de um processo tão rico que conseguimos desenhar em nossa FAC, sob a proteção especial de Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e Pompeu de Souza. Em um encontro de Comunicação, em Curitiba, há uns dois ou três anos, recebi o jornal dos alunos de jornalismo da instituição. No expediente – jornalista bom lê expediente – estava inscrita a missão daquela instituição: formar profissionais de excelência.

Penso no que definimos como nossa missão na FAC: formar cidadãos críticos e autônomos. Com certeza é o que lhes dará excelência.

Oxalá tenhamos cumprido nossa missão

Parabéns a todos e bem vindos ao outro lado do balcão.

* desta parte em diante, o discurso não foi proferido, para não extrapolar o tempo de cinco minutos.